segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Esvaziando uma Gaveta

Estive ali
Sentindo pena de mim mesma
Juntando lembranças para jogar fora
E lamentando por estar ali
Isso provavelmente não me ajudaria

Estive ali
Olhando os antigos bilhetes
Esvaziando a gaveta
Juntando lembranças para jogar fora
Rasgando cartas que ninguém podia ler
Isso provavelmente me ajudaria a esquecer

A gaveta secava
Enquanto eu via cada pedaço meu sendo varrido pelo vento daquela rua
E assim as lembranças iam indo parar em algum lugar do lixo de minha cabeça

Bastou limpar a gaveta
Para entender o quanto aquele asfalto era tão preto e quente
Mas que nunca deixarei de andar descalça sobre ele

Não vou mais

Não vou mais te olhar
Não vou mais te procurar
Não vou mais te dizer o que fazer
Em seus olhos pude ver nosso amor não vai voltar

Não vou mais te implorar
Nem chorar por dias
Não vou sofrer por te perder
Isso vai levar dias
Onde quer que vá
Onde queira estar
Quando você lembrar
De me dizer o por que
Já não vou mais estar lá

Sem saber sem conhecer
O que mais vc fez?
Sem saber o pq
Agora sou eu quem não te ver
Sem saber...
Sem saber...

sábado, 3 de outubro de 2009

Medo

Tenho medo
Medo que ofusca
Medo que prende
Medo que esconde a vontade de dizer adeus para essa vida
E de te perder
Medo do vento que vai ventando
Que não sabe o que vai dizendo
Medo do medo
Medo da nuvem que vai saindo
Medo do gesto mudo
Medo da janela surda que vai movendo
Medo que vai dizendo por entre as folhas que me contam
Um velho segredo do mundo
Porque a vida é nova e anda nua
Vestida apenas com o meu desejo
Tenho medo de te amar
Medo da tua morte
Medo de escrever poemas e não ter mais para quem dar
E minhas lágrimas salgadas caiam sobre elas
Deformando minhas letras
Por não te ver
Por te perder